segunda-feira, 1 de setembro de 2008

TORNAR-SE OCEANO de Osho

Diz-se que, no momento em que o rio está prestes a
cair no oceano ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada,
os cumes das montanhas,
o longo caminho sinuoso através das florestas,
através dos povoados,
e à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele
nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência.
Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
Somente quando ele entrar no oceano é
que o medo desaparecerá.
Porque somente assim o rio saberá que
não se trata de desaparecer no oceano,
mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e
por outro lado é renascimento.
Assim somos nós.
Só podemos ir em frente e arriscar.
Coragem !!!
Avance firme e
torne-se Oceano!!!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A ARMADURA de Lisélia de Abreu Marques

... eu criei uma armadura "forte" para compensar
a criança assustada e frágil que eu ainda sou.




Criei uma armadura que eu achava que iria me proteger.
E a criatura tomou vida própria e eu passei a acreditar que
eu era a minha própria criação. Passei a acreditar que eu era a armadura que eu havia criado para me proteger.



Mas eu fui crescendo dentro da armadura e fui começando a sufocar dentro dela. E mais uma vez, pra sobreviver, fiz um movimento, desta vez,
o de ir retirando a armadura aos poucos.
Dói.
Tem partes da armadura que já grudaram
na minha pele, simbiotizou
e é difícil até saber que parte sou eu,
que parte é a armadura.
Ao mesmo tempo parece que estou mais leve,
também parece que estou sem contornos, sem forma.
Estou me desconstruindo, isto é muito bom.
A imagem que criei de quem eu deveria ser
para sobreviver à vida/morte, está se desfazendo.
Eu não sei mais o que é uma qualidade verdadeira
e saudável minha e o que é uma distorção.
As coisas não são mais tão simples de analisar.
Entrei em contato com o meu
medo mais antigo e mais devastador.

Estou mais humana, mais criancinha, mais desprotegida.
Não quero reconstruir a armadura,
quero crescer do jeito certo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

TER OU NÃO TER NAMORADO de Ártur da Távola

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

Título do livro: Amor a sim mesmo . A edição é uma coletânea das crônicas de Távola. Editora: Círculo do Livro, por cortesia da Editora Nova Fronteira S.A. Ano da edição: Como a edição foi realizada pelo Círculo do Livro, e não pela Nova Fronteira, não há o ano . A única data no livro é a do copyright - © 1.984 Paulo Alberto M. Monteiro de Barros (nome real de Artur da Távola)

terça-feira, 10 de junho de 2008

CÓDIGO DE ÉTICA dos índios norte-americanos



Versão mais antiga, de 1982:

1. Dê graças ao Criador toda manhã após acordar e toda noite antes de dormir.

2. Busque a força e a coragem para ser uma pessoa melhor.

3. Mostrar respeito é uma lei fundamental da vida.

4. Respeite a sabedoria das pessoas reunidas em um Conselho. Uma vez que você dá uma idéia, ela não mais pertence a você; pertence a todo mundo.

5. Seja verdadeiro a toda hora.

6. Sempre trate seus convidados com honra e consideração. Dê sua melhor comida e confortos para seus convidados.

7. A mágoa de um é a mágoa de todos. A honra de um é a honra de todos.

8. Receba de forma amável estranhos e pessoas de fora.

9. Todas as raças são filhas do Criador e devem ser respeitadas.

10. Servir outros, ser de valia à família, comunidade, ou nação é um dos propósitos principais para o qual as pessoas foram criadas. A felicidade verdadeira vem para aqueles que dedicam suas vidas para o serviço aos outros.

11. Observe moderação e equilíbrio em todas as coisas. Saiba das coisas que levam ao seu bem-estar e das coisas que levam a sua destruição.

12. Escute e siga a direção dada pelo seu coração. Espere esta direção de muitas formas: Em orações; Em sonhos; Em solidão; E nas palavras e ações de Anciões e amigos.

O PRONUNCIAMENTO DO CACIQUE SEATLLE EM 1854



O grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano. Minhas palavras são como as estrelas que nunca empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a sua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende. Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiro. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar sua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios) matamos apenas para o sustento de nossa vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios. De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará, para chorar sobre os túmulos de um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos. Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Preteje-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse: E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.
Fonte: "Trechos de um diário: O Cacique Seattle: Um cavalheiro por instinto". 10º artigo da série “Primeiras Reminiscências” - Seattle Sunday Star, 29 de outubro de 1887 do articulista Henry Smith (tradução livre, pela equipe de Floresta Brasil) http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm

VIVA A MORTE de Paulo Angelim

“A maioria das pessoas teme a morte por não ter feito algo de suas vidas.” Peter Ustinov

EU SEI QUE O TÍTULO deste capítulo pode parecer estranho, sombrio e nada motivador — principalmente se considerarmos que meus textos, via de regra, têm o propósito de elevar o estado de espírito das pessoas. Mas não tema, pois o propósito é exatamente este: quero mostrar que todos os nossos tabus sobre este tema, a morte, são um grande equívoco, e que, na verdade, deveríamos mudar nossas perspectivas a respeito do assunto. A lógica é bastante simples, objetiva e acessível: aqueles que desejam evoluir em todos os aspectos da vida precisam aceitar a idéia de lidar com a morte, por mais imprevisível e inexorável que seja.Primeiramente, repare que a primeira idéia que provavelmente veio à sua mente diante da palavra “morte” foi seu significado básico, qual seja, a ausência de vida. É bem possível que você tenha pensado em hospital, caixão, velório, enterro, família em prantos etc. Nossas mentes já estão de tal forma condicionadas a pensar negativamente diante da morte que imediatamente remetem ao momento no qual definitivamente deixaremos este mundo.Porém, não é a este tipo de morte que me refiro neste livro — até porque há outros tipos de morte. É verdade. E vou mais além: digo a você que precisamos morrer todo dia! É isto mesmo. A morte é uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente. Não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma. Não existe borboleta sem a morte da lagarta.A morte é o ponto de partida para o início de algo novo, de um novo estágio. É a fronteira entre passado e futuro. Se você começar a pensar dentro desta perspectiva, verá que a palavra “morte” já não causará tanto desconforto, e poderá buscá-la mais facilmente. Você leu corretamente: defendo que nossa relação com a morte deve ser tão harmônica a ponto de buscarmos morrer em alguns aspectos de nosso ser para que possamos alcançar estágios mais evoluídos de desenvolvimento. Vejamos alguns exemplos.- Quer ser um bom universitário? Mate dentro de você o secundarista aéreo que pensa que ainda existe muito tempo pela frente, e que planejar o futuro é perda de tempo.- Quer ser um excepcional profissional? Mate dentro de você o universitário descomprometido e avesso às responsabilidades, que acha que a vida se resume a estudar só para fazer provas e entregar trabalhos.- Quer ser um excelente marido ou uma ótima esposa? Mate dentro de você o solteiro que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter de dividir espaço, projetos e tempo com mais ninguém.- Quer ser um líder bem-sucedido? Mate dentro de você o subordinado egoísta que pensava na liderança como o momento em que o mundo passa a girar a seu redor. Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso eu passado, inferior. Se não agimos assim, corremos o risco de tentar ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o foco, comprometendo a produtividade e, por fim, prejudicando o sucesso. Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, ao invés de se projetar para o que serão ou desejam ser. Elas querem o novo posto, o novo degrau, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Com isso, transformam-se em projetos inacabados, híbridos, adultos infantilizados.
Paulo deixou-nos uma bela lição em I Coríntios 13:11: “Quando eu era criança, falava, pensava e raciocinava como criança. Mas quando me tornei homem, meus pensamentos se desenvolveram muito além dos pensamentos da minha infância, e agora eu deixei as coisas de criança”. Ou seja, é possível que, vez por outra, nossas ações sejam infantis — no melhor sentido da palavra —, de tal forma que não matemos virtudes próprias dos tempos de criança, como a vontade de brincar, o sorriso fácil, a vitalidade, a criatividade e assim por diante. Mas se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar a criancice — neste caso, no sentido negativo.Quer ser alguém (um profissional, uma mãe, um cidadão, uma estudante, um amigo) melhor e mais evoluído? Então pense nas coisas em você que precisam morrer ainda hoje para que nasça aquilo que você tanto deseja ser. Pense nas palavras de João 12:24: “Eu devo morrer como um grão de trigo que cai dentro da terra. Se eu não morrer, ficarei sozinho — uma semente isolada. Porém a minha morte produzirá muitos novos grãos de trigo — uma abundante safra de novas vidas”.
Pense nisto... e morra! Mas não esqueça de nascer melhor ainda!
Extraído do livro Morra e Mude de Paulo Angelim: http://www.pauloangelim.com.br/livro3.html

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O ENTERRO DO "NÃO CONSIGO" de Chick Moorman

Esta história foi contada por Chick Moorman e aconteceu numa escola primária do Estado de Michigan, Estados Unidos. Ele era supervisor e incentivador dos treinamentos que ali eram realizados e, um dia, viveu uma experiência muito instrutiva, conforme ele mesmo narrou:
"Tomei um lugar vazio no fundo da sala e assisti à aula. Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com idéias e pensamentos. Uma aluna de 10 anos, próxima a mim, estava enchendo a folha de 'não consigo'. 'Não consigo chutar a bola de futebol além da segunda base', 'não consigo fazer divisões longas com mais de três números', 'não consigo fazer com que a Debbie goste de mim.' Caminhei pela sala e notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer. 'Não consigo fazer 10 flexões', 'não consigo comer um biscoito só.'
A essa altura, a atividade despertara minha curiosidade, e decidi verificar com a Professora o que estava acontecendo. Percebi que ela também estava ocupada escrevendo uma lista de 'não consigo'. Frustrado em meus esforços para determinar por que os alunos estavam trabalhando com negativas em vez de escrever frases positivas, voltei para o meu lugar e continuei minhas observações. Os estudantes escreveram por mais 10 minutos. A maioria encheu sua página. Alguns começaram outra.
Depois de algum tempo, os alunos foram instruídos a dobrar as folhas ao meio e colocá-las numa caixa de sapatos vazia que estava sobre a mesa da Professora. Quando todos os alunos haviam colocado as folhas na caixa, Donna, a Professora, acrescentou as suas, tampou a caixa, colocou-a embaixo do braço e saiu pela porta do corredor. Os alunos a seguiram. E eu segui os alunos. Logo à frente, a Professora entrou na sala do zelador e saiu com uma pá. Depois seguiu para o pátio da escola, conduzindo os alunos até o canto mais distante do playground. Ali começaram a cavar. Iam enterrar seus 'não consigo'! Quando a escavação terminou, a caixa de 'não consigo' foi depositada no fundo e rapidamente coberta com terra. Trinta e uma crianças de 10 e 11 anos permaneceram em pé, em torno da sepultura recém-cavada.
Donna, então, proferiu louvores:
'Amigos, estamos hoje aqui reunidos para honrar a memória do 'não consigo'. Enquanto esteve conosco aqui na Terra, ele tocou as vidas de todos nós, de alguns mais do que de outros. Seu nome, infelizmente, foi mencionado em cada instituição pública, escolas, prefeituras, assembléias legislativas e até mesmo na Casa Branca. Providenciamos um local para o seu descanso final e uma lápide que contém seu epitáfio. Ele vive na memória de seus irmãos e irmãs 'eu consigo', 'eu vou' e 'eu vou imediatamente'. Que 'não consigo' possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência. Amém'.
Ao escutar as orações, entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição. A atividade era simbólica: uma metáfora da vida. O 'não consigo' estava enterrado para sempre.
Logo após, a sábia Professora encaminhou os alunos de volta à classe e promoveu uma festa. Como parte da celebração, Donna recortou uma grande lápide de papelão e escreveu as palavras 'não consigo' no topo, 'descanse em paz' no centro e a data embaixo. A lápide de papel ficou pendurada na sala de aula de Donna durante o resto do ano. Nas raras ocasiões em que um aluno se esquecia e dizia: 'não consigo', Donna simplesmente apontava no cartaz o 'descanse em paz'. O aluno, então, lembrava-se de que 'não consigo' estava morto e reformulava a frase.
Naquele dia, aprendi uma lição duradoura com Donna. Agora, anos depois, sempre que ouço a frase 'não consigo', vejo imagens daquele funeral da 4.ª série. Como os alunos, eu também me lembro de que 'não consigo' está morto."
E você, que tal enterrar todos os seus "não consigo"?

MEU MAIS NOVO MESTRE de Lisélia de Abreu Marques

Desde que o Tuty, um cãozinho mestiço da raça Lhasa apso, passou a morar lá em casa, tem mexido com a vida de todos nós. Aquela pequena bolinha de pêlos andando pela casa. Tão fofo! Eu brincava chamando-o de hamster e era preciso cuidado pra não pisar nele. A alegria sempre presente, a brincadeira, os carinhos; é bom estar perto dele. Ele me parecia sempre feliz. Então comecei a prestar atenção nele e tentar descobrir o segredo de sua felicidade. Comecei a perceber que o Tuty vivia apenas o momento presente. Observei como ele se comportava: às vezes em que o deixava preso por algum tempo e depois o soltava, ele vinha correndo todo feliz, cheio de amor pra dar, saltando e comemorando a liberdade readquirida; ele não demonstrava raiva nem guardava rancor por ter estado preso, não ficava se lamentando ou reclamando. Ele curtia o momento da liberdade. Enquanto preso ele não ficava triste e choroso por estar preso, ele encontrava alguma coisa que o agradasse fazer e fazia; brincava com uma bola, rasgava papel, mordia alguma coisa, bebia, comia, dormia. Ele encontrava algo que fosse bom pra ele naquele momento e vivia aquele presente.
Hoje, eu estava angustiada buscando um propósito maior pra minha vida e pensei no meu mestre cachorro, como ele lida com o seu propósito de vida. Ele não tem um propósito de vida, ele se entrega ao propósito que a natureza tem pra ele. Ele simplesmente se entrega à vida. Ele não se preocupa se vai ter ar pra respirar na próxima inspiração, ele respira, ele confia. E vai vivendo momento a momento como se fosse o único.
Fico pensando no Tuty’s life style. Ele não fez terapia, ele não estudou filosofia. Eu imagino que o segredo da felicidade do Tuty seja simplesmente estar conectado com a natureza, com a Divindade; Ele faz parte do todo, faz parte da natureza e é guiado por ela. Já nós, seres humanos (com ego), na nossa busca por controle e poder, resolvemos nos afastar da natureza, resolvemos dominá-la e controlá-la e pelos resultados que se mostram em toda parte, eu acho que não foi uma boa idéia. No nosso anseio de vencer a dor e a morte criamos uma vida muitas vezes neurótica, sozinha, em guerra. Imagino que pra eu recuperar a conexão que o meu cãozinho tem com a natureza terei que fazer um longo caminho de volta. Terapia, filosofia, e todos os outros “...ia” necessários para desconstruir as defesas, as torres, as estruturas artificiais que criamos para nos sentirmos seguros em nossa fortaleza de solidão, criada a partir do afastamento da natureza que, aliás, ainda, estamos destruindo todos os dias.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

VIDA de Charles Chaplin


Já perdoei erros quase imperdoáveis,

tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,

Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas
também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,

Já dei risada quando não podia,

Já fiz amigos eternos,

Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,

Já fui amado e não soube amar.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,

Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas "quebrei a cara" muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,

Já liguei só pra escutar uma voz,

Já me apaixonei por um sorriso,

Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...
...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo) !
Mas sobrevivi! E ainda vivo! Não passo pela vida... e
você também não deveria passar. Viva!!!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,

Abraçar a vida e viver com paixão,

Perder com classe e vencer com ousadia,

Porque o mundo pertence a quem se atreve

E A VIDA É MUITO para ser insignificante.

terça-feira, 25 de março de 2008

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - ONU, 1948.

Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
A Assembléia Geral proclama
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Artigo III
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo XIV
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo XVI
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo XXIII
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo XXVII
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIV
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

terça-feira, 11 de março de 2008

TIRE FÉRIAS de Lisélia de Abreu Marques

Tire ferias dos problemas, dos pensamentos negativos, do pessimismo,
da tristeza, tire férias de ter que estar sempre certo, de se defender,
de defender os outros, tire férias de estar sempre alerta,
de estar sempre se cobrando e se exigindo.

Goze o sol quando ele estiver aconchegante, as cores,
o encontro de gente de todas as partes e culturas,
goze e honre o corpo que você tem, a àgua, o mar, a natureza.

Se permita ser visto e sentido, se permita ver e sentir,
se entregue pra vida, descanse, viva o momento presente sem medo,
seja você mesmo criança, beije na boca, jogue frescobol, pinte, tece, cole,
brinque, se permita não fazer nada, não dar satisfação,
principalmente pra você mesmo.

Tire férias do passado, viva o novo e
volte mais relaxado, mais bonito, mais disposto, mais feliz.

segunda-feira, 10 de março de 2008

O QUE VOCÊ É FALA MAIS ALTO

Era uma tarde de domingo ensolarada na cidade de Oklahoma. Bobby Lewis aproveitou para levar seus dois filhos para jogar mini-golf. Acompanhado pelos meninos dirigiu-se à bilheteria e perguntou:
- Quanto custa a entrada?
O bilheteiro respondeu prontamente:
- São três dólares para o senhor e para qualquer criança maior de seis anos.
- A entrada é grátis se eles tiverem seis anos ou menos. Quantos anos eles têm?
Bobby informou que o menor tinha três anos e o maior, sete.
O rapaz da bilheteria falou com ares de esperteza:
- O senhor acabou de ganhar na loteria, ou algo assim? - Se tivesse me dito que o mais velho tinha seis anos eu não saberia reconhecer a diferença. Poderia ter economizado três dólares.
O pai, sem se perturbar, disse:
- Sim, você talvez não notasse a diferença, mas as crianças saberiam que não é essa a verdade.
Sem a consciência que Bobby tinha da importância de sermos verdadeiros em todas as situações do cotidiano, muitos de nós apresentamos uma realidade distorcida aos nossos filhos.
Tantas vezes, para economizar pequena soma em moedas, desperdiçamos o tesouro do ensinamento nobre e justo.
Desconsiderando a grandeza da integridade e da dignidade humanas, permitimos que esses valores morais sejam arremessados fora, por muito pouco.
Nesses dias de tanta corrupção e desconsideração para com o ser humano, vale a pena refletir sobre os exemplos que temos dado aos nossos filhos.
Às vezes, não só mentimos ou falamos meias verdades, como também pedimos a eles que confirmem diante de terceiros as nossas inverdades.
Agindo assim, estaremos contribuindo para a construção de uma sociedade moralmente enferma desde hoje.
Ademais, o fato de mentirmos nos tira a autoridade moral para exigir que os filhos nos digam a verdade, e isso nos incomoda.
Pensamos que pequenas mentiras não farão diferença na formação do caráter dos pequenos, mas isso é mera ilusão, pois cada gesto, cada palavra, cada atitude que tomamos, estão sendo cuidadosamente observadas e imitadas pelas crianças que nos rodeiam.
Daí a importância da autoridade moral, tão esquecida e ao mesmo tempo tão necessária na construção de uma sociedade mais justa e digna.
E autoridade moral não quer dizer autoritarismo. Enquanto o autoritarismo dita ordens e exige que se cumpra, a autoridade moral arrasta pelo próprio exemplo, sem perturbação.
A verdadeira autoridade pertence a quem já conquistou-se a si mesmo, domando as más inclinações e vivendo segundo as regras de bem proceder.
Dessa forma, o exemplo ainda continua sendo o melhor e mais eficaz método de educação.
Sejamos, assim, cartas vivas de lições nobres para serem lidas e copiadas pelos que convivem conosco.
Diz o poeta americano Ralph Waldo Emerson: "quem você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo."
Em tempos de desafios e lutas, quando a ética e a moral são mais importantes que nunca, assegure-se de ter deixado um bom exemplo para aqueles com quem você trabalha ou convive.

PESSOAS COM LASTRO de Lisélia de Abreu Marques


Pessoas com lastro pesam a medida exata para não afundar nem virar;
Pessoas com lastros são firmes e seguras ao mesmo tempo em que
são flexíveis e leves para navegar sem lutar contra o mar.
Pessoas com lastro são o que são, são como são e assim que é.
Pessoas com lastro se encontram e em silencio dizem tudo;
Pessoas com lastro lêem a vida, as pessoas, seus próprios corações;
Pessoas com lastro não precisam de outdoors;
Pessoas com lastro amam a verdade;
Pessoas com lastro amam de verdade.

quarta-feira, 5 de março de 2008

COMO O SOL E A LUA de Lisélia de Abreu Marques


Você é o carnaval, brilhante colorido e cheio de ritmo.

Eu sou a vastidão branca do ártico.
Sou os ventos frios e a paisagem árida.
Eu sou o som dos ventos gelados desenhando o gelo.
Sou o respirar dos ursos polares.
Sou a beleza inigmatica da aurora boreal.

Você é o vermelho dourado do sol,
eu, a palidez iluminada da lua.

Me toque com cuidado,
pois sua luz e calor podem derreter minha delicada camada de neve.
Meu manto é frágil, minha alma dorme.
Venha com passos leves e silenciosos para não me acordar.

Pois quero despertar com um beijo suave em minha face,
vendo um sorriso de manhã em seus lábios.

Não grite, não faça barulho.
Meu silencio é profundo. Estou muito longe.
Venha em silencio e quando eu puder, irei contigo.

MULHERES de Lisélia de Abreu Marques

Quando os homens partiram para a II guerra mundial, as mulheres foram pras fábricas, foram pras lojas, foram pros escritórios assumir as vagas deixadas pelos combatentes e desde então começaram um segundo turno de trabalho que já dura mais de meio século.
O mundo dos negócios era dos homens e pra ganhar o jogo muitas mulheres entraram fundo neste jogo. Ativaram as suas qualidades masculinas e deixaram de lado qualidades femininas que poderiam demonstrar “fraqueza”. Nesta investida no mundo dos negócios, muitas mulheres anularam uma parte importante de suas vidas, muitas, ainda hoje, deixam a maternidade pra depois e aí precisam do auxílio da ciência para gerar seus filhos.
Mulheres que se comportam como homens, que assumem papéis masculinos, que pensam como homens; mulheres que temem e se envergonham do feminino. Um número cada vez maior de lares tem como chefe de família uma mulher. Mulheres, que por força das circunstâncias, fazem o que podem para criar seus filhos sem pai.
Tem sido difícil para as mulheres, como sempre foi, mas em outros momentos da história, as mulheres sofreram agressões de fora pra dentro. Desta vez é mais sério. Muitas mulheres adotaram valores masculinos e abandonaram valores femininos, num movimento de auto-negação. Continuam mulheres por fora, mas sentem como homens, pensam como homens. Não estou me referindo à opção sexual. Estou me referindo à atitude em relação à vida.
O resgate dos valores femininos, da postura feminina diante da vida parece um pensamento vago, afinal de contas quem lembra destes valores? Como se manifesta o poder do feminino? Que poder é este? Como seria o mundo habitado por mulheres, que pensam como mulheres e sentem como mulheres todo o tempo? Quem são as mulheres afinal? Quem somos nós?
Mulheres que nasceram durante este movimento pós guerra, que não conheceram uma realidade diferente ficam com estas perguntas fazendo eco, sem respostas. Como era o mundo feminino antes de nós? Antes de sairmos de casa para trabalhar fora? Alguns livros, algumas tradições nos falam de mulheres que se reuniam pra trabalhar e conversar. Mulheres que ouviam e aprendiam umas com as outras como cuidar, como amparar, como criar, como movimentar a vida. Velhas mulheres que davam suporte às jovens, jovens que ouviam, atentas, os conselhos das demais. Mulheres ensinando a outras mulheres a arte de ser mulher. As mulheres têm isto, ouvem, falam, sentem, choram juntas. Às vezes todas ao mesmo tempo. O trabalhar juntas, em grupo, a comunicação, a empatia, o amparo são qualidades femininas. Mulheres gostam da companhia de outras mulheres e do sentimento de inclusão que isto traz. Mulheres gostam de falar de si, dos seus filhos, das pessoas que amam. Mulheres gostam de compartilhar, compartilhar receitas, compartilhar experiências, compartilhar colo, compartilhar amor. Mulheres gostam de amar e de serem amadas, gostam de família, gostam de beleza, gostam de aconchego. Mulheres gostam de coisas bonitas, de coisas delicadas, de coisas perfumadas. Mulheres gostam de gestos de amor.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

OS TRÊS NÍVEIS DE REALIDADE de Lisélia de Abreu Marques

Esta manhã, depois de levar os meninos para a escola, voltando pra casa, resolvi pedir orientação ao meu eu superior.
No entanto uma voz interna disse: “Você agora resolveu ficar pedindo orientação pro eu superior. Você não pode resolver as coisas sozinha? Fica nesta dependência.”
Então eu pensei sobre este comentário. Pensei que é positivo e desejável manter o máximo contato possível com o eu superior. Estar em contato com ele. Manter um canal de comunicação. Aí veio um sentimento: "vou deixar de ser eu se ficar seguindo o eu superior". Então, identifiquei de quem era a voz interior. Era o meu ego. E pensei: Quem sou eu de verdade? Eu sei que o ego deve se integrar ao eu superior e que o eu superior que é o ser primeiro. Mas senti o medo da fusão e do aniquilamento. Senti que o ego estava temoroso. E pensei que é assim que as coisas devem ser. Que quando me “fundir”, me integrar ao meu eu superior, que afinal de contas sou eu mesma, não será outra pessoa me dominando, serei eu mesma mais plena. Acalmei meu ego e prossegui.
Com esta pequena experiência percebi minha identificação com o ego. Percebi o meu eu observador e percebi que trato o eu superior como “ele”. Não me senti o meu eu superior.
Hoje, a minha consciência, sediada no ego, está predominantemente no primeiro nível - envolvida pelo que eu acredito que existe. Ainda está fazendo escavações e pesquisas arqueológicas. Ainda está com uma lanterna entrando na névoa densa e indefinida dos conceitos equivocados e inconscientes. Estou buscando descobrir a verdade sobre mim. Adentrar ao segundo nível de realidade – ter consciência do que de fato existe. Quando estiver com os dois pés no terceiro nível – aquilo que poderia existir - não chamarei mais o meu eu superior de “ele”. Direi apenas “eu”.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A COMPLICADA ARTE DE VER de Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca".
Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.
"Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa _garrafa, prato, facão_ era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas _e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".Por isso _porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver_ eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

PRIORIDADES

Quais são exatamente os valores e prioridades que você está disposto a colocar em prática?
Essa é a pessoa na qual você se tornará.
James Dickson

As verdadeiras prioridades na sua vida
são aquelas que na realidade estão sendo colocadas em prática.
O que de fato faz a diferença não é o que você diz e sim o que você faz.
A pessoa na qual você se torna depende não daquilo em que você deseja se tornar.
A pessoa em que você se transforma depende daquilo que você faz
a cada momento da sua vida.
Esses momentos são seus, para que você invista neles na maneira que você desejar.
Na realidade existe mais um novo momento
que você pode imediatamente começar a usar.
Lembre-se: as pessoas podem não acreditar no que você diz;
mas elas sempre crêem naquilo que você faz.
Nélio DaSilva

sábado, 26 de janeiro de 2008

MEDO e RAIVA de Lisélia de Abreu Marques

Ao longo de milhões de anos de evolução, desenvolvemos mecanismos de defesa que asseguraram a preservação da nossa espécie. Sob ameaça nosso corpo coloca-se em estado de alerta e aciona vários mecanismos que provocam, entre outras reações, o aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. A respiração acelera, aumenta a capacidade de coagulação do sangue e a energia dos músculos aumenta. Estas mudanças, entre outras, preparam o corpo para fugir ou lutar.
Em face de uma ameaça podemos lutar contra ela ou fugir dela. A ameaça da qual nos defendemos pode ser real - um ataque de um cão violento, um assalto, um perigo imediato - ou imaginária. Uma ameaça imagiária pode ser a presença de um colega muito competente que está chamando a atenção do chefe, por exemplo.
As reações de luta e fuga estão diretamente ligadas à raiva e ao medo. Quando sentimos raiva, lutamos.
Quando sentimos medo, de modo geral, fugimos. Quase sempre é o medo de se ferir, de sofrer e de morrer.
A raiva geralmente encobre uma dor. Ao longo da vida, somamos feridas emocionais, na sua maioria, ainda abertas. Estas feridas quando tocadas por palavras e/ou atitudes doem. Então, nos sentimos ameaçados e podemos responder com a raiva. Por baixo de uma raiva há uma dor. Às vezes nos distraímos com a raiva e não notamos a dor que está por tras dela. Muitas vezes, uma dor tão intensa, que reagimos imediatamente atacando o outro pra nos defender. É importante perceber esta dor. Não deixar que a raiva nos distraia. É bom lembrar que não apenas quem sente medo sente-se ameaçado; quem sente raiva também sente-se ameaçado, sente a dor e ataca de volta.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A CORDA de Lisélia de Abreu Marques

Era uma vez uma corda, e desta corda pequenos pedacinhos se partiram. Cada pequeno pedacinho de corda era igual a corda de onde se originou, posto que já foi um dia a mesma corda.
Estes pedacinhos se sentiam únicos. Indivíduos separados. E a medida que iam se afastando da corda que lhes deu origem iam se esquecendo de quem eram e de como surgiram. As pequenas cordas seguiram caminhos próprios, tiveram suas experiências, usaram os seus livre-arbítrios e conheceram as conseqüências disto. Experienciaram a luz e a escuridão. Na dualidade sua consciência ora se sediava numa ponta, ora noutra ponta, mostrando extremos que pareciam inconciliáveis. Viviam no 8 ou 80. De tanto dar voltas em si mesmas, acabavam formando nós difíceis e doloridos de se desfazer. Quando entravam em briga com outras cordas se amarravam de um jeito que seus ódios mútuos as apertavam mais e mais junto àquelas que desprezavam. E chegando no fundo do poço da escuridão e da dor, sentiram saudade da luz. E lentamente foram descobrindo que a paz era melhor que a guerra, que o mal não valia a pena, que o egoísmo era uma ilusão. E do mesmo jeito que se afastaram da primeira corda, foram, aos poucos, se aproximando e se encontrando e se reconhecendo e se tocando. As cordinhas que, na origem, tinham se partido no mesmo momento, eram como irmãs gêmeas; havia muita afinidade entre elas e sentiam muito prazer em estar juntas. A medida que iam se aproximando e se unindo, mais se pareciam com a corda primeira, que lhes deu origem e esta proximidade fazia com que brilhassem com mais luz. E tendo conhecido a escuridão, a dor e a morte, por contraste entenderam melhor a luz, o prazer e a vida. As suas consciências então, pararam de oscilar entre uma ponta e outra, o que enfraquecia muito a energia delas. A consciência delas se estabilizou no centro, no ponto médio e sentiram paz e equilíbrio e pensaram nas outras cordas que ainda estevam longe e sentiram um desejo profundo de compartilhar com estas, a alegria reencontrada. Então se colocaram a disposição. Estavam atentas, disponíveis aguardando apenas um pedido de ajuda para partirem prestativas ao encontro de suas outras partes ainda separadas. Cada ajuda bem sucedida trazia mais inteireza ao grupo e cada corda que voltava trazia consigo experiências únicas que depois de partilhadas pertenciam a todo o grupo. Com isto, em se fazendo muitas, a primeira corda, a maior e mais forte delas, quando recebe suas partes, agora individualizadas de volta, não recebe mais a mesma parte sua que partiu, ingênua e virgem, recebe uma parte experiente, desbravadora, transformadora que traz muitas estórias para compartilhar, e assim novamente unida, expande e expressa a corda de onde se originou. E todas juntas são muito mais do que eram antes. São ao mesmo tempo o que sempre foram e o que se tornaram. São a origem e o fim. São todas e são, também, apenas uma.

SOBRE UNIDADE E DUALIDADE de Lisélia de Abreu Marques

Todos nós vivemos dentro da dualidade, classificando tudo de bom ou mau, certo ou errado, prazer ou dor, mocinho ou bandido, feio ou bonito, etc.
Faz parte da natureza humana. Da natureza do ego. Mas não precisa ser assim, mais além das polaridades, há o estado unificado de consciência, onde não existe o controle do ego. Onde a ilusão se desfaz.
O ego fortalece o poder dele através do medo e do controle. E um ego fortalecido, no mau sentido, fortalece a dualidade.
Identificados com o nosso ego, com a nossa personalidade, acreditamos que temos que controlar tudo senão a vida desmorona. E quanto mais nos esforçamos para manter tudo sob controle, mais stress sentimos. Temos medo de que se não estivermos controlando a vida, "as coisas", sofreremos conseqüências desagradáveis e até mesmo a morte. Acreditamos que a segurança está no controle, na vigilância.
Nos mantemos sempre alertas, em guerra com o mundo lá fora, achando, que o mundo lá fora é que está em guerra com a gente.
Estar sempre em alerta é a mais clara definição de stress.
Um "remédio" para as polaridades (que fazem as coisas parecerem inconciliáveis, tipo: ou isto ou aquilo, ou eu ou ele, ou o campo ou a cidade, ou nós ou os outros, ou a saúde ou a doença, ou a riqueza ou a pobreza, ou perdedor ou vencedor, ou vida ou morte, etc.) é a entrega, a confiança, a fé na Vida, que em última instância é a fé na gente mesmo, posto que a nossa vida não existe sem nós.
Relaxar e entregar o controle sobre as variáveis ajuda a equilibrar a nossa alma, e uma alma em equilíbrio, traz saúde ao corpo.
Deixar a vida nos levar de encontro ao Grande Rio da Vida e nele flutuarmos com a correnteza, sem luta, e sim em harmonia com o universo só faz bem.
Abandonar a dualidade e aderir à unidade, ao todo, começa por não acharmos que o outro é o outro, e sim que todos somos um só.
Um só planeta, uma só humanidade.
Unidade é a união das polaridades, é o caminho do meio, o ponto zero, o equilíbrio. Tomando como exemplo uma corda, diria que cada ponta seria uma polaridade da dualidade, e o meio exato, a unidade. E todos estes aspectos juntos seriam, ainda assim, a mesma corda.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A VERDADE E "AS VERDADES" de Buda

Um jovem viúvo tinha um filho de 5 anos, a quem amava muito. Num dia em que teve de ausentar-se para tratar de negócios, sua vila foi invadida e incendiada por bandidos que levaram também o seu filho. Ao voltar e dar com as ruínas, o homem ficou em pânico. Tomou o cadáver carbonizado de um empregado doméstico como sendo de seu filho, chorando e debatendo-se desatinadamente. Organizou uma cerimônia de cremação, recolheu as cinzas e as guardou numa linda sacola de veludo. Trabalhando, dormindo, comendo, ele sempre carregava a sacola consigo. Um dia seu filho conseguiu escapar dos seqüestradores e correu, tomando o caminho de casa. Chegou à nova cabana do pai no meio da noite e bateu à porta. Imagine que o pai ainda carregava consigo a sacola, chorando, relembrando.
- Quem é? - perguntou o pai.
-Sou eu, papai. Abra a porta. É seu filho.
No seu atormentado estado mental, o pai achou que seria algum moleque travesso querendo se divertir às suas custas e berrou, mandando o menino embora, continuando a chorar. O rapaz bateu outras e outras vezes, mas o pai recusou-se a abrir a porta. Depois de um bom tempo o rapaz finalmente desistiu e se foi. A partir daí pai e filho nunca mais se viram.

Moral da estória: Às vezes, em algum lugar, você toma alguma coisa como sendo verdade. Se você se apega muito a isso, quando a verdade chegar em pessoa e bater à sua porta, você não a deixará entrar.

Adaptação de texto escrito por Thich Nhat Hanh, Caminhos para a Paz Interior, prefácio e tradução de Odete Lara, Editora Vozes, Petrópolis, 3ª edição, 1989.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A HERANÇA DE ATLÂNTIDA de Jeshua

"... Esta época de transição na Terra traz muitas coisas antigas à superfície. Antigas energias emergem de tempos que há muito já se foram, tempos em que vocês estavam encarnados e tiveram vidas nas quais experienciaram muitas coisas. Todas essas antigas camadas estão vindo agora à superfície.
Hoje eu gostaria de falar sobre esses tempos antigos, para levá-los a uma compreensão mais profunda de si mesmos, de quem vocês são aqui e agora. Vocês são seres muito antigos, que carregam consigo muita experiência. Vocês fizeram muitas viagens através do tempo e do espaço, e não apenas no planeta Terra.
Por favor, permitam que eu os leve de volta ao começo. Nunca houve um começo, mas para facilitar esta história, vou falar de um começo no tempo, pois houve um ponto inicial no longo ciclo de encarnações, no qual vocês agora estão presos.
Estou levando-os para a época do seu nascimento como almas individuais, cada um como um “Eu” separado. A individualidade, que hoje é tão familiar para vocês, era um fenômeno totalmente novo no universo. Ser separado e individual lhes permite reunir uma infinidade de experiências… e ilusões também. Mas isto não torna essa experiência menos valiosa. É justamente sendo um “Eu”, sendo separado do todo, e experienciando as ilusões que fazem parte disso, que vocês podem descobrir o que não é. Vocês podem descobrir uma ilusão e vivenciá-la de dentro para fora. Antes, isto não era possível. Antes, havia o Um e nada fora dele, como um oceano indiferenciado de amor e unidade. Então, como seria possível experienciar o medo e a ignorância ali dentro?
Ao serem vulneráveis e propensos à ilusão, vocês reuniram uma enorme quantidade de experiência, que os capacitou a entender realmente o que a unidade significa, o que o amor significa, no nível da experiência. Vocês vão entender o que é o amor, não como um conceito abstrato, mas como uma força viva, criativa, que os movimenta e preenche os seus corações e espíritos com uma profunda sensação de alegria e satisfação. O final e a meta da sua jornada, a chegada ao Lar, pela qual vocês tanto anseiam é que cada um seja “Deus-como-você-é”, para experienciar a unidade como um “Eu”. Vocês não querem desistir da sua individualidade, pois é através da conexão do seu “Eu” com o todo, que cada um de vocês experiencia a alegria mais profunda e acrescenta o seu selo energético único a toda a criação. “Deus-como-você-é” acrescenta algo de novo e precioso à criação.
Peço-lhes que voltem para o tempo em que esse “ser um Eu” tomou forma pela primeira vez. Naquele momento, vocês eram ou foram criados como anjos. Podem vocês sentir a ternura e inocência daquela energia original, daquele começo distante em que vocês foram “moldados” pela primeira vez, daquele momento em que vocês conheceram a “forma”? De repente vocês se transformaram em um “você”, distinto e separado dos outros que estavam à sua volta, e vocês experienciaram o milagre de ser um indivíduo. Vocês ainda estavam tão próximos da fonte de luz divina, que foram preenchidos com amor, transbordando alegria e criatividade. Havia um desejo incrível em vocês de experimentar, de saber, de sentir e de criar. Por favor, voltem-se para dentro de si mesmos por um instante, e vejam se podem sentir a verdade disto: que cada um de vocês é um anjo, no mais profundo do seu ser...
Agora vou dar um salto grande no tempo, pois só posso descrever-lhes esta história extensa em linhas gerais. Levo-os ao começo do planeta Terra. Vocês estavam presentes ali, vocês são mais antigos do que a existência da Terra como um planeta físico. O seu nascimento como consciência individual imaculada aconteceu muito antes da origem da Terra.
Agora imaginem que vocês estavam contribuindo para o desenvolvimento da vida na Terra. Lentamente, a vida evoluía na Terra, através da presença de elementos materiais que ofereciam uma ampla variedade de possibilidades para a consciência encarnar em formas ou corpos materiais: minerais, plantas e, mais tarde, animais. E vocês estavam profundamente envolvidos nesse processo de criação. Como?
Vocês eram os anjos e devas que sustentavam e alimentavam o reino vegetal, que conheciam intimamente a “rede da vida” na Terra e gostavam muito dela. Vocês inclusive sustentaram as formas animais com amor, cuidados e nutrição etérica.
As lembranças que vocês carregam dentro de si do “paraíso” ou Jardim do Éden, de uma natureza perfeitamente equilibrada na qual vocês participaram cuidando e mantendo a vida, vêm de uma era muito antiga. Vocês ainda não estavam encarnados então, mas estavam pairando entre os reinos etérico e físico. Vocês estavam prestes a nascer na matéria.
Lembrem-se da inocência daquela época, lembrem-se como era ser uma consciência-anjo-deva e como vocês amavam profundamente a Terra e todas as manifestações de vida que existiam aqui. Sintam o aspecto infantil da sua consciência naqueles tempos. Vocês eram como crianças brincando no paraíso, sempre prontos para a aventura, divertindo-se por ali, rindo, vivenciando a alegria e expressando-se livremente num ambiente seguro. Apesar do seu espírito brincalhão, vocês tinham uma grande admiração pelas leis que regiam a vida e jamais pensariam em tratar as formas de vida com nada menos do que um profundo carinho e respeito.
Então, num certo sentido, vocês foram os pais da vida na Terra. Isto explica porque vocês podem ficar totalmente chocados com os distúrbios causados à natureza pelas tecnologias modernas, e com o abuso em geral das forças da natureza. Por que isso os atinge? Porque vocês cuidaram com carinho e alimentaram estas energias desde o começo. Na sua essência, vocês estão conectados com elas, com a Terra e suas diversas formas de vida, como um pai ou uma mãe está conectado com seu filho, e como o criador com a sua criação. E naqueles tempos, quando vocês eram anjos nutrindo a vida na Terra, vocês não sabiam porque estavam fazendo isso. Vocês agiam como crianças que se sentiam atraídas pelo chamado de mais uma aventura, pela emoção da novidade, e vocês se deixavam simplesmente guiar por aquilo que os fizesse sentir alegria e empolgação. Vocês colocavam sua energia onde quer que ela se sentisse bem vinda.
Assim, vocês ajudaram a criar o paraíso na Terra: o esplendor da vida, a abundância dos reinos animal e vegetal, a diversidade das formas de vida e o desenvolvimento irrestrito de tudo isso.
Por favor, mantenham esta imagem por um momento… lembrem-se quem vocês são.
Mesmo que lhes pareça grandioso demais, quando eu lhes digo isto, simplesmente permitam-se fantasiar que vocês foram parte disso, que vocês estavam presentes como anjos no Jardim da Vida, brincalhões, inocentes, nutrindo e cuidando com carinho da vida.
FORA DO PARAÍSO – A PRIMEIRA QUEDA PARA DENTRO DA EXPERIÊNCIA
Muitos acontecimentos foram se desenvolvendo na Terra durante milhões de anos, que são difíceis de serem descritos em um resumo. Mas, num certo momento, a sua maravilhosa aventura no Jardim do Éden foi perturbada por influências externas, que podem ser classificadas como “ruins” ou “escuras”.
Alguns seres de outras dimensões do universo começaram a se intrometer na Terra. Seu propósito era exercer poder e influência sobre a vida na Terra. Este acontecimento – esta interferência de energias escuras e poderosas que, do seu ponto de vista, surgiram do nada – chocou profundamente os seus seres angélicos. Vocês não estavam preparados. Este era o seu primeiro contato com o “mal” e sacudiu seu mundo nas suas bases. Pela primeira vez, vocês experimentaram o que é não mais se sentir seguro. Vocês ficaram conhecendo as “emoções humanas”: medo, choque, raiva, frustração, tristeza, indignação: “O que é isto? O que está acontecendo aqui?!”
Sintam como as sombras caíram sobre vocês nesse primeiro encontro com a escuridão, com o lado escuro da dualidade. Lentamente, o intenso desejo de poder, que tanto os havia chocado e horrorizado, começou a tomar posse de vocês próprios. Isto porque vocês começaram a sentir indignação e revolta contra os atacantes e queriam se defender e proteger a Terra contra essa estranha invasão.
Estou falando de uma influência extraterrestre, de uma certa raça, por assim dizer, cuja origem não importa muito para a nossa estória. O que importa é que vocês absorveram parcialmente a energia desses seres e assim criaram a queda. Não estou falando da Queda bíblica, já que esta está associada a pecado e culpa, mas da queda para dentro da experiência, para dentro da escuridão, a qual, num certo sentido, estava “predestinada” a acontecer, pois vocês faziam parte da dualidade. Ao se tornarem um “Eu”, ao experienciarem a separação do todo, as sementes da dualidade foram criadas dentro de vocês. Faz parte da lógica da criação que vocês explorem todos os extremos da dualidade, uma vez que estejam nela.
Aos poucos vocês mesmos foram se tornando guerreiros, pois desejavam o poder para proteger o seu “território”. Seguiu-se, então, um novo estágio na sua história, no qual vocês se envolveram em várias guerras e lutas galácticas. Por favor, parem um minuto para sentir este acontecimento, a queda do anjo-criança na energia ríspida e zangada do guerreiro galáctico. Estamos falando de longos períodos de tempo. O fato de vocês terem passado por tudo isso pode lhes parecer grandioso e insondável, mas eu lhes peço que permitam que a sua imaginação viaje comigo um pouco.
Vocês se envolveram numa batalha grande e violenta. Parte da literatura de ficção científica, que lhes é familiar, descreve tudo isto e, na verdade, foi inspirada em acontecimentos reais de um passado distante. Não é mera ficção. Muitas dessas coisas realmente aconteceram e vocês se envolveram profundamente nisso. Vocês se perderam numa luta de poder durante esse estágio da sua história e experienciaram totalmente a energia do ego.
Já falei sobre isto antes na série Trabalhadores da Luz (publicada no site www.jeshua.net/por) e agora quero dar mais um salto enorme e contar-lhes qual foi o estágio importante que se seguiu.
Depois de muito tempo, vocês se cansaram de lutar. Vocês já tinham tido o suficiente. Estavam ficando tristes e enjoados de batalhas, e uma espécie de saudades de casa começou a entrar furtivamente em seus corações. Já fazia muito tempo que vocês viviam obcecados pelas guerras e conflitos nos quais se envolveram. A ilusão do poder pode exercer uma influência hipnótica sobre uma mente ingênua e inexperiente. Vocês eram ingênuos e inexperientes quando vivenciaram sua primeira queda para dentro da escuridão.
Mas então, num certo momento, houve um despertar dentro de vocês. Uma vaga lembrança dos antigos dias no Paraíso agitou-se em suas mentes e corações, relembrando-os da alegria e inocência que uma vez vocês conheceram. Então desejaram voltar para lá e não quiseram mais lutar. Pode-se dizer que vocês experimentaram tão completamente as energias do ego, que elas se esgotaram em vocês. Vocês tinham conhecido todos os lados da batalha, toda a gama de emoções ligadas à vitória e à perda, ao controle e à entrega, ao assassínio e à escravidão. Vocês tinham ficado desiludidos com o poder e tinham descoberto que ele não lhes dava o que havia lhes prometido: amor, felicidade, satisfação. Vocês acordaram do seu sono hipnótico e ansiavam por algo novo.
Quando vocês tentaram se elevar acima da energia da luta e conectar-se com a energia do coração, vocês se tornaram novamente ingênuos e “inexperientes”. Eram como crianças que espiavam por cima do muro de um novo país, no qual nem o poder nem a luta eram as forças dominantes, mas sim o amor e a conexão. Vocês seguiram o chamado da sua alma e pularam o muro. E começaram a se encontrar novamente e a reconhecer uns aos outros como almas afins, membros da mesma família. Uma vez vocês haviam brincado juntos como anjos no Jardim do Éden.
Os membros da família de trabalhadores da luz, que faziam parte da mesma onda de nascimento de almas, olharam uns para os outros novamente e sentiram-se atraídos para um chamado comum, uma missão compartilhada. Vocês sabiam que tinham que fazer alguma coisa para dar o passo principal em direção à consciência do coração, para que a volta ao Paraíso realmente se concretizasse para vocês. Sentiram que tinham que lidar com Terra de novo mas, desta vez, como seres humanos, encarnados em corpos humanos, para experienciar de dentro o que havia acontecido com a Terra devido às guerras galácticas e ao abuso do poder.
Na sua luta pelo poder, a Terra tinha sempre sido o ponto focal de atenção. Muitos partidos galácticos batalharam pelo domínio da Terra e isto afetou negativamente não só a Terra, mas também toda a vida que nela existia e a alma coletiva da humanidade em evolução. O motivo de a Terra ser um alvo tão importante para todos esses partidos guerreiros não é tão fácil de explicar. Colocando-se de uma forma bem resumida, a Terra é o ponto de partida para algo novo: é um lugar que reúne muitas dimensões e realidades e, portanto, constitui um ponto de encontro de estradas que levam ao futuro. Inúmeras energias se encontram e se misturam na Terra – dentro dos reinos vegetal, animal e, principalmente, humano. Isto é algo muito especial. Quando essas energias puderem coexistir em paz, isso criará uma enorme explosão de luz através de todo o cosmos. É por isso que a Terra está desempenhando um papel chave e foi por isso que ela esteve no centro de uma grande Batalha.
Uma vez vocês tomaram parte nessa batalha, como atacantes, tentando manipular a vida e a consciência na Terra de uma forma bastante agressiva. Isto causou danos ao desenvolvimento do ser humano. Naquela época, a humanidade estava no seu estágio infantil, no “estágio da inocência”. A humanidade era “habitada” por almas de uma onda de nascimentos diferente da de vocês. Nós as chamamos de “almas terrestres”, na Série Trabalhadores da Luz. Era um grupo de almas mais jovens que vocês, que haviam se manifestado na Terra havia pouco tempo e tiveram que lidar com as manipulações extraterrestres, que reduziram as capacidades do ser humano. As forças extraterrestres projetaram energias de medo e inferioridade na jovem consciência do homem, o que permitiu que elas adquirissem controle sobre ela.
Volto agora à sua decisão de encarnar na Terra como seres humanos. Vocês tinham dois motivos. Primeiro, sentiam que estavam prontos para mudança e transformação internas. Vocês desejavam se libertar da atitude batalhadora do ego e crescer em direção a uma nova forma de “ser”. Vocês não sabiam o que isso significava exatamente; ainda não podiam entender isso totalmente, mas sentiam que a encarnação na Terra lhes ofereceria justamente os desafios e possibilidades que vocês precisavam.
Em segundo lugar, vocês sabiam que precisavam compensar as coisas que aconteceram na Terra, em parte devido à sua ação. De alguma forma, sentiam que originalmente vocês tinham uma profunda ligação com a Terra, baseada no amor e respeito mútuo, e que isso se corrompeu quando vocês se deixaram enredar pela guerra e batalhas por esta mesma Terra. Os seus dois extremos – o anjo-criança e o guerreiro endurecido – tinham que ser unidos e transformados. E que lugar poderia ser mais adequado para isso do que a Terra? Vocês sentiam uma grande conexão com este planeta e, inclusive, uma “obrigação cármica” de melhorar as condições na Terra. Desejavam mudar e elevar o estado de consciência na Terra. Então vocês se transformaram em “trabalhadores da luz”.
Vocês encarnaram na Terra no tempo da Atlântida
ATLÂNTIDA – A SEGUNDA QUEDA PARA DENTRO DA EXPERIÊNCIA.
A Atlântida foi uma civilização situada num tempo muito anterior às eras históricas que vocês conhecem. Ela tomou forma gradualmente por volta de 100.000 anos atrás e terminou cerca de 10.000 anos atrás. Os seus primórdios são até anteriores a 100.000 anos. A Atlântida evoluiu gradualmente quando as raças extraterrestres começaram a “invadir” a Terra, encarnando em corpos humanos. Essas almas geralmente tinham um alto nível de desenvolvimento mental. Naquele tempo, as sociedades e comunidades da Terra eram amplamente constituídas de almas terrestres, e eram “sociedades primitivas”, como vocês as chamam.
Mesmo antes da Atlântida, havia muitas influências extraterrestres na Terra, de reinos galácticos que enviavam formas-pensamento para a Terra de diferentes maneiras. Formas-pensamento são energias que se conectam aos humanos no nível etérico ou áurico, e assim influenciam os pensamentos e emoções das pessoas. Isto acontece constantemente, quando vocês absorvem idéias e crenças da sua educação e sociedade. Elas os envolvem como uma teia infecciosa. Mas isto também acontece com os “níveis astrais” que os rodeiam. As formas-pensamento que foram projetadas em vocês pelos guerreiros galácticos eram, em geral, controladoras e manipuladores, mas também existiam influências de luz e delicadeza. É o próprio ser humano que decide o que ele vai e o que ele não vai permitir que entre nele. Em um certo momento, os partidos galácticos desejaram ter uma influência mais profunda sobre a Terra e houve a oportunidade para eles verdadeiramente habitarem corpos humanos ou, em resumo, para encarnar na Terra. O Espírito ou a Luz abriu essa possibilidade para eles, porque era apropriada para o seu caminho interior de desenvolvimento. Vocês estavam nesses partidos. Na sua literatura espiritual, os povos que provêm desses reinos galácticos são, com freqüência, chamados de “povo das estrelas” ou “sementes estelares”.
A Atlântida foi o resultado de uma união, uma mistura entre as sociedades de nativos da Terra e o influxo de almas que vieram “de fora”. Vocês, da onda de almas de trabalhadores da luz, encarnaram na Terra porque desejavam criar mudança e progresso e porque vocês mesmos queriam evoluir de uma consciência baseada no ego para uma consciência baseada no coração.
Quando vocês chegaram, no começo lhes pareceu constrangedor e desconfortável estar dentro de corpos humanos. Viver dentro de uma matéria tão densa dava-lhes uma sensação de opressão e aprisionamento, pois estavam acostumados com corpos muito mais fluidos e voláteis, que possuíam mais poder psíquico. Nas freqüências ou dimensões mais elevadas (menos materiais ou densas), a sua psique tem uma influência muito maior no ambiente material. Nesses planos, vocês podem criar ou atrair as coisas que querem para vocês, simplesmente pensando nelas ou desejando-as. A mente de vocês estava acostumada a criar muito mais rápido do que era possível na Terra. Pode-se dizer que o tempo de reação na Terra é muito mais lento. Então, quando vocês vêm aqui pela primeira vez, vocês têm a impressão de que estão trancados dentro de um corpo sólido e inflexível e sentem-se inseguros, pois o que vocês desejam e aspiram não se materializa mais com tanta facilidade, e o seu domínio sobre a vida e as circunstâncias parece muito limitado.
Então, vocês ficaram confusos quando chegaram aqui. Ao mesmo tempo, tinham habilidades mentais altamente treinadas, que vocês haviam desenvolvido durante as suas vidas galácticas passadas. Enviar formas-pensamento e projetá-las dentro de outros seres vivos requer bastante poder psíquico. A mente de vocês era como um conjunto de facas afiadas, que precisava provar o seu valor em um ambiente totalmente diferente. Suas capacidades mentais treinadas eram uma antiga aquisição e, devido à sensação de alienação e opressão que vocês experimentavam na Terra, vocês tentavam instintivamente adaptar-se aqui usando essa sua aquisição antiga. Assim, vocês começaram a usar seus poderes mentais na Terra. Originalmente, a sua intenção era conectar com a realidade da Terra a partir do coração. Antes de encarnar, vocês sabiam que, apesar dos seus formidáveis poderes analíticos e psíquicos, os terrenos dos seus corações estavam sem cultivo e precisavam de sementes, de pequenos brotos de luz. Mas, vocês se esqueceram disso quando mergulharam na realidade da Terra e a sua consciência ficou velada.
Na Terra, vocês tinham que lidar com almas terrenas, que viviam aqui como seres humanos, e vocês não os entendiam muito bem. Vocês achavam que eles eram seres instintivos e bárbaros. Vocês não entendiam a sua forma espontânea, direta, de expressar suas emoções. Eles eram primitivos aos seus olhos, eles viviam sintonizados com suas emoções e instintos mais do que às suas mentes. Vocês tinham habilidades e talentos diferentes da índole natural do povo da Terra.
Embora vocês freqüentemente nascessem de pais que eram almas terrenas, e fossem criados por eles, aos poucos acabava se desenvolvendo uma divisão social entre vocês e eles. Devido às suas capacidades mentais superiores, vocês desenvolveram tecnologias que eram desconhecidas anteriormente. Tudo isto aconteceu devagar e naturalmente. Estamos falando de um período de mais de mil anos, de até dez mil anos.
Sem entrar em detalhes desse processo, eu gostaria de lhes pedir que sentissem a essência do que aconteceu nesse período. Vocês podem imaginar que fizeram parte disso? Podem imaginar como deve ter sido chegar num lugar onde vocês não se sentiam verdadeiramente à vontade, sabendo que havia algo que vocês tinham planejado fazer ali, mas não sabiam o que era? – “Vamos ver…” – vocês diziam a si mesmos – “Eu tenho certas habilidades e poderes à minha disposição… isso me diferencia dos outros do meu ambiente… Vou usar esses talentos para me impor.” Vocês reconhecem este tipo de orgulho e ambição dentro de vocês? Vocês se lembram que eles eram seus? Esta é uma energia tipicamente atlante.
Pouco a pouco, uma nova cultura nasceu na Terra – uma civilização que criou um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, que afetou todas as porções da sociedade. Gostaria de falar um pouco mais sobre o tipo de tecnologia que evoluiu na Atlântida. O que vocês, como ‘pessoas das estrelas’, ainda lembravam claramente apesar do véu do esquecimento, era que vocês podiam influenciar a realidade material usando o poder da sua mente, especificamente do terceiro olho. O terceiro olho é o centro de energia (chacra) da intuição e da consciência psíquica, e localiza-se atrás dos seus dois olhos físicos.
O poder do terceiro olho ainda lhes era muito familiar naquelas primeiras encarnações, como se fosse uma segunda natureza da sua alma. Vocês sabiam “como ele funcionava”. Sabiam que a matéria (realidade física) tem uma forma de consciência, é consciência em um determinado estado de ser. Através desta percepção essencial da unidade entre consciência e matéria, vocês podiam afetar e formar matéria, fazendo um contato interno com a consciência que existe em um pedaço de matéria. Desta forma, vocês podiam literalmente mover e manipular a matéria com a mente. Vocês conheciam um segredo que foi esquecido nas épocas mais recentes.
Atualmente, vocês vêem a matéria (realidade física) como separada da consciência (a mente). Por influência da ciência moderna, vocês se esqueceram que todos os seres têm alma; tudo o que existe tem uma forma de consciência com a qual vocês podem se conectar e cooperar de um modo criativo. Esse conhecimento era incontestável para vocês, naqueles tempos antigos. Mas, durante a época da Atlântida, quando o centro dos seus corações ainda não estava totalmente aberto, o seu terceiro olho era controlado predominantemente pelo seu centro da vontade ou ego (o plexo solar ou terceiro chacra). Vocês estavam no limiar de uma nova realidade, a realidade da consciência baseada no coração, mas devido ao choque de terem submergido na realidade densa da Terra, suas inspirações sensíveis e puras ficaram temporariamente perdidas. Vocês se deixaram levar pelo uso excessivo da vontade misturada com o poder do terceiro olho. Vocês aspiravam a melhorar as coisas em larga escala (fazer o “trabalho da luz”), mas faziam isso de uma forma autocentrada, com uma atitude autoritária em relação às almas e às naturezas da Terra.
No apogeu da Atlântida, havia inúmeras possibilidades e a tecnologia era muito avançada, até mais avançada do que a sua tecnologia atual em algumas áreas, porque o poder da telepatia e da manipulação psíquica era compreendido e usado muito melhor. Podia haver uma comunicação telepática instantânea entre pessoas que estavam a grandes distâncias umas das outras. Era possível deixar conscientemente o corpo e viajar por aí. A comunicação com civilizações extraterrestres era buscada e alcançada.
Muitas coisas se tornaram possíveis no tempo da Atlântida, mas muitas coisas deram errado também. Geralmente havia uma divisão entre a elite político-espiritual e as “pessoas comuns”, constituídas predominantemente por almas terrenas. Elas eram vistas como seres inferiores, meios para um fim, e eram realmente usadas para experimentos genéticos que faziam parte da ambição atlante de manipular a vida no nível biológico, para que se pudessem criar mais formas de vida superior.
Um aspecto positivo da sociedade atlante era a igualdade entre homens e mulheres durante essa época. A luta pelo poder entre o homem e a mulher, na qual a mulher foi terrivelmente oprimida durante o último período, não foi parte da Atlântida. A energia feminina era totalmente respeitada, no mínimo por ela estar diretamente relacionada com o poder do terceiro olho (intuição, clarividência, poder espiritual).
Agora quero levá-los à queda da Atlântida. Nessa época havia energias em ação, com as quais vocês ainda estão tentando lidar. Vocês se envolveram profundamente com o que deu errado naquele estágio.
Na Atlântida, vocês viviam a partir do centro da vontade e do terceiro olho. A energia do seu coração não se abriu significativamente. Em um certo ponto, vocês se apaixonaram pelas possibilidades da sua própria tecnologia e pela ambição de criar novas formas de vida superior. Vocês aplicaram a engenharia genética e criaram inúmeras formas de vida, e eram incapazes de entender, de sentir, que com isso estavam desrespeitando a Vida. As pessoas que vocês usavam para suas experiências não podiam contar com a sua empatia nem compaixão.
A energia presente nesse estágio de perversão, especificamente na civilização atlante, voltou no século XX como o regime nazista na Alemanha. Experimentos cruéis e uma atitude geral de frieza clínica para com as “formas inferiores de vida” foram partes substanciais desse regime. A falta de compaixão e empatia demonstradas para com os assassinados, a falta de emoção e o modo mecânico de “lidar” com as vítimas, eram semelhantes à atitude dos atlantes. Isto os enche de um profundo horror agora. Vocês viram e sentiram o outro lado disso, o lado da vítima, em encarnações que vieram depois da Atlântida.
Mas, na época da Atlântida, vocês foram os agressores. Foi daí que resultou um determinado “carma”. A Atlântida é a chave para as suas “encarnações infratoras”, o seu lado escuro. Estou lhes contando isto, não para fazê-los se sentirem envergonhados ou culpados. De jeito nenhum! Nós todos somos parte desta história, assumindo vários papéis e disfarces, pois isto é que é viver na dualidade. É vivenciar e assumir todos os papéis imagináveis, desde os mais luminosos até os mais sombrios. Se vocês se permitirem conhecer o seu lado sombrio, se puderem aceitar que também fizeram o papel de agressores, vocês ficarão mais equilibrados, livres e contentes. É por isso que eu lhes estou contando isto.
Num certo ponto, o desenvolvimento tecnológico que vocês – e outros grupos de almas – alcançaram teve um impacto tão grande sobre a natureza, que os sistemas ecológicos da Terra se romperam.. A queda da Atlântida não aconteceu de uma só vez. Houve muitos sinais de aviso – sinais da natureza – mas como eles não foram levados em conta, aconteceram enormes desastres naturais, através dos quais a civilização atlante foi inundada e destruída.
Como isto afetou vocês, no nível interno? Foi uma experiência chocante, uma experiência traumática; foi uma outra Queda, a segunda Queda da Experiência para dentro das profundezas.
Durante as suas encarnações na Terra, vocês acabaram perdendo a conexão que buscavam com o coração. Depois da queda da Atlântida, vocês perceberam – mais intensamente do que nunca – que a verdade não era para ser encontrada no controle da vida, mesmo que o propósito parecesse nobre. Então vocês realmente começaram a se abrir para a silenciosa voz do coração, que lhes diz que existe uma sabedoria trabalhando através da própria Vida, que não precisa de nenhuma manipulação nem controle. No fluxo da própria vida, no fluxo do coração e dos sentimentos, existe uma sabedoria com a qual vocês podem se sintonizar, ou se alinhar, ouvindo e se entregando. Não é uma sabedoria criada pela cabeça nem pela vontade; é uma sabedoria que vem de aceitar a voz do amor, de uma perspectiva mais elevada.
Aos poucos vocês começaram a sentir este conhecimento místico, que vinha de dentro de vocês e que era acompanhado por um sentido de humildade e entrega. Mas, mesmo assim, o tempo ainda não estava maduro para um alegre despertar das energias do coração. Uma sombra havia caído sobre vocês durante a época da Atlântida, a sombra de terem afetado negativamente outros seres. Vocês teriam que sentir e experienciar profundamente os efeitos disso, antes que o despertar pudesse acontecer.
Mais uma vez vou dar um passo enorme na história antiga, e vou levá-los ao momento em que vocês voltam à Terra, depois da Atlântida ter desaparecido, arrastada pelas ondas do oceano. Mais uma vez vocês encarnaram em corpos humanos, com a lembrança da Atlântida enterrada profundamente na memória das suas almas, ligada a uma sensação de vergonha e falta de confiança em si mesmos. A queda da Atlântida havia chocado-os e deixado-os perplexos, mas também tinha aberto um pouco mais os seus corações.
Que desenvolvimento imenso teve lugar nesse enorme intervalo de tempo!
REJEIÇÃO COMO TRABALHADOR DA LUZ – A TERCEIRA QUEDA PARA DENTRO DA EXPERIÊNCIA.
O próximo período importante começou com a vinda da energia de Cristo à Terra, mais visivelmente representada por mim. Muitos de vocês estavam presentes naquela época ou por volta desse tempo. Poucos séculos antes do meu nascimento, vocês começaram a encarnar outra vez em grande número. Uma voz, que vinha dos seus corações, atraia-os, convocava-os. Vocês sentiam que “tinham que estar lá”, que era o momento de darem mais um passo na sua jornada espiritual, que estava tão entrelaçada com a Terra.
A vinda da energia de Cristo, a minha vinda à Terra, foi parcialmente preparada por vocês. Eu não poderia ter vindo sem uma camada de energia presente na Terra para me receber, para me “acolher”, por assim dizer. A sua energia providenciou o canal através do qual eu poderia ancorar a energia Crística na Terra. Foi verdadeiramente um esforço conjunto. Seus corações se abriram para mim, para aquilo que eu representava. Naquela época, vocês eram a parte da humanidade que estava mais aberta para receber o amor e a sabedoria a partir do coração.
Dentro de vocês havia surgido uma certa humildade, no melhor sentido da palavra: uma entrega ao não-saber, sem querer controlar ou “manipular” as coisas, e uma abertura genuína para algo novo, algo que não fazia parte do poder nem do controle, algo diferente. E por causa dessa confiança e abertura em seus corações, vocês puderam me receber.
Eu fui como um raio de luz caindo sobre a Terra, fazendo com que aqueles que estavam prontos se lembrassem da sua natureza angélica, da sua essência divina. Vocês se comoveram comigo, com aquilo que eu expressava e irradiava para vocês a partir da minha essência interna, e assim a energia Crística afetou-os profundamente naquela encarnação ao redor do Cristo e nas encarnações seguintes, até hoje. Em todas essas vidas, vocês tentaram trazer a energia Crística para a Terra, e disseminá-la através de várias formas de ensinar e curar. Vocês foram trabalhadores da luz inspirados e apaixonados, que trabalharam duro para trazer mais justiça, lealdade e amor para este planeta.
Naquela época, na era do despertar da energia Crística, vocês foram aqueles que se opuseram às religiões muito rigidamente organizadas, às formas autoritárias de subjugar as pessoas. Vocês lutaram pela liberdade, pela emancipação da energia feminina, por valores baseados no coração, numa época em que as pessoas mal tinham consciência disso tudo. Nos últimos 200 anos, vocês foram os que lutaram pela liberdade e foram rejeitados e perseguidos por causa disso. Foram castigados e torturados por causa do que vocês eram, e freqüentemente acabavam na fogueira ou na forca. Vocês carregam muitos traumas emocionais dessa fase da história.
Nas lutas e resistência que vocês enfrentaram, estava agindo o carma atlante (e galáctico). Os papéis tinham se invertido. Vocês tornaram-se vítimas e passaram pelas profundezas da solidão, do medo e do desespero. Ficaram intimamente familiarizados com a profunda dor emocional da rejeição. Esta foi a sua terceira Queda, a terceira Queda para dentro da Experiência, e aquela que os levou para o âmago da sua missão: compreender a unidade subjacente tanto à Luz quanto à Escuridão, aprender o que o Amor realmente significa. Esta terceira Queda trouxe-os para o presente, para aquele que vocês são hoje.
Hoje, às beiras de um novo ciclo, nestes tempos transformadores, vocês estão verdadeiramente abertos para a energia Crística. Nos seus corações está brotando uma sabedoria que abraça e transcende os opostos e reconhece o fluxo divino único em todas as diferentes manifestações. Seu amor não é um mero conhecimento abstrato, mas um fluxo real, puro e sincero que vem do coração e se estende para os outros e para a Terra. Agora vocês se reconhecem no semblante dos outros, sejam eles “luz” ou “escuridão”, ricos ou pobres, trabalhadores da luz ou almas terrenas, homem, animal ou planta. O amor embutido na consciência Crística forma a ponte sobre o abismo entre os opostos e lhes dá um sentido palpável da interconexão entre tudo que existe.
Uma vez, quando vocês eram anjos, vocês vigiavam e cuidavam do paraíso na Terra. Vocês se desprenderam desse estado de inocência, quando se engajaram na dança pelo poder com as energias que queriam roubar o paraíso de vocês. Desta forma, vocês abandonaram o reino espiritual e encarnaram mais profundamente na realidade material de forma e ilusão. De anjos, vocês se transformaram em guerreiros. Quando encarnaram na Terra e foram experimentar como era ser um humano, vocês foram novamente tentados pelo desejo de controlar as coisas e isso os levou à queda da Atlântida e de vocês mesmos como guerreiros. Vocês voltaram à Terra para experienciar o outro lado do jogo do poder, para sentir como era ser uma presa da agressão e da violência. As conseqüências desta última parte do ciclo ainda estão claramente presentes na forma em que vocês experienciam as coisas, e todos vocês estão trabalhando duro para superar o trauma da rejeição que existe no seu íntimo. Com isto, vocês estão fechando o ciclo no ponto onde ele começou. Vocês voltaram à sua verdadeira natureza como anjos, mas agora como anjos totalmente encarnados, com um conhecimento real e vivo dos extremos da luz e das trevas, do amor e do medo. Cada um de vocês é um anjo sábio e compreensivo, um anjo humano…
Tenho um grande respeito por vocês, pela incrível jornada que vocês empreenderam. Eu me coloco diante de vocês agora, como um igual. Estou aqui como um professor e guia, mas também como um irmão e amigo. Eu gostaria de lhes oferecer o meu amor e amizade, não de uma forma abstrata, mas como uma energia tangível de companheirismo e compreensão. Eu sei quem vocês são. Agora, reconheçam-se no meu semblante.
Vocês estão no final de um grande ciclo de eras, no qual passaram por muitas experiências. Hoje eu quis falar sobre a Atlântida, porque o reconhecimento das energias que vocês incorporaram lá pode ajudá-los a alcançar um estado de integridade e paz consigo mesmos. A energia atlante é uma energia de grande poder mental, combinada com um orgulho e arrogância característicos. Ousem reconhecer esta “energia sombria” dentro de vocês, ousem aceitar que vocês experimentaram e viveram isto uma vez. Sintam que vocês foram infratores e agressores assim como vítimas. Ao permitirem que este fato faça parte da sua consciência, vocês abrem o portal para a maior sabedoria que vocês podem abraçar na sua vida: a sabedoria do não-julgamento. Ao se conscientizarem do seu lado “escuro”, vocês deixam de julgar se os outros estão certos ou errados, ou até de julgar a si mesmos. Todos os motivos para julgamento caem por terra. O julgamento dá lugar à compreensão e à compaixão. Então vocês realmente começam a entender o que é o amor, e o que significa “trabalho da luz”. De fato o termo “trabalho da luz” sugere que existe algum tipo de luta entre a luz e as trevas, e que o trabalhador da luz é aquele que está lutando contra as trevas. Mas o verdadeiro trabalho da luz não é nada disso. O verdadeiro trabalho da luz implica em ser capaz de reconhecer a luz do amor e da consciência em tudo o que existe, mesmo que isso esteja escondido atrás de máscaras de ódio e agressão.
Freqüentemente vocês ainda ficam tentados a fazer julgamentos sobre a realidade da Terra, como por exemplo, sobre a forma em que os políticos trabalham ou em que as pessoas estão tratando o meio ambiente. É fácil dizer que tudo está errado e se sentir um estranho no planeta Terra, alienado e sem lar. Quando isso acontecer, tentem fazer contato com a energia do infrator dentro de vocês. Permitam-se acessar a energia atlante que ainda existe na memória das suas almas, e sintam que vocês também já foram isso, e inclusive que isso estava bem. Todas as suas “quedas para dentro da experiência” finalmente fizeram com que vocês fechassem um círculo e abrissem seus corações para a essência da criação de Deus: amor, criatividade e inocência. Você, que experienciou os extremos das trevas e da luz, foi, durante toda a sua jornada, nada menos do que a criança inocente do paraíso, partindo com um espírito de sinceridade, arrojada curiosidade e entusiasmo pela vida. Nessa jornada, você só podia aprender pela experiência. As “quedas para dentro da experiência” não poderiam ter sido evitadas, pois eram os meios para que você alcançasse algo novo, que trouxesse mais satisfação. A essência da sua jornada é que você alcança a sabedoria através da experiência. Portanto, por favor reconheça e respeite a coragem desse anjo-criança que você foi. Veja a vitalidade, coragem e perseverança que você mostrou ao se aventurar no desconhecido, e então sinta a sua própria inocência, mesmo no seu lado mais sombrio.
Eu lhe peço para respeitar a si mesmo, inclusive o seu lado escuro. Sinta apenas o poder e a autoconsciência da energia atlante por alguns instantes. Existe um lado positivo nela também. Você foi talentoso de muitas formas. Convide esta energia para entrar, aqui e agora. Permita que a sensação de auto-estima e autodomínio voltem a você e perdoe-se pelas atrocidades que aconteceram no passado. Sim, você infligiu dor aos outros, você foi o agressor lá… mas sinta também como você veio a se arrepender profundamente disso, e o quanto você se abriu agora para o respeito genuíno por tudo o que vive. Quando você perdoa a si mesmo, você se abre para a alegria de se liberar o julgamento. Veja que a conseqüência é esta: se você reconhece a sua parte sombria e é capaz de se perdoar por isso, você não precisa mais julgar nem a si mesmo nem aos outros. Isto é um grande prazer para a sua alma!
Com muita freqüência vocês ainda se atormentam com os seus julgamentos. Vocês dizem a si mesmos que ainda têm muitas coisas para realizar. Hoje, eu lhes peço que olhem para trás e vejam tudo que já realizaram. Tomem consciência da profundidade da sua jornada através desses grandes ciclos de eras. E não me olhem mais de baixo para cima, como se eu fosse um mestre. Eu fiz esse papel há dois mil anos atrás, mas esse tempo passou. Vocês são os Cristos desta nova era, vocês trarão paz para um mundo de dualidade e polaridade, irradiando a paz que está dentro dos seus próprios corações. Sintam como vocês estão prontos para esse papel e deixem-me simplesmente oferecer- lhes algum apoio e encorajamento como seu amigo e irmão. Nós somos um."