quinta-feira, 19 de junho de 2008

A ARMADURA de Lisélia de Abreu Marques

... eu criei uma armadura "forte" para compensar
a criança assustada e frágil que eu ainda sou.




Criei uma armadura que eu achava que iria me proteger.
E a criatura tomou vida própria e eu passei a acreditar que
eu era a minha própria criação. Passei a acreditar que eu era a armadura que eu havia criado para me proteger.



Mas eu fui crescendo dentro da armadura e fui começando a sufocar dentro dela. E mais uma vez, pra sobreviver, fiz um movimento, desta vez,
o de ir retirando a armadura aos poucos.
Dói.
Tem partes da armadura que já grudaram
na minha pele, simbiotizou
e é difícil até saber que parte sou eu,
que parte é a armadura.
Ao mesmo tempo parece que estou mais leve,
também parece que estou sem contornos, sem forma.
Estou me desconstruindo, isto é muito bom.
A imagem que criei de quem eu deveria ser
para sobreviver à vida/morte, está se desfazendo.
Eu não sei mais o que é uma qualidade verdadeira
e saudável minha e o que é uma distorção.
As coisas não são mais tão simples de analisar.
Entrei em contato com o meu
medo mais antigo e mais devastador.

Estou mais humana, mais criancinha, mais desprotegida.
Não quero reconstruir a armadura,
quero crescer do jeito certo.

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