segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A VERDADE E "AS VERDADES" de Buda

Um jovem viúvo tinha um filho de 5 anos, a quem amava muito. Num dia em que teve de ausentar-se para tratar de negócios, sua vila foi invadida e incendiada por bandidos que levaram também o seu filho. Ao voltar e dar com as ruínas, o homem ficou em pânico. Tomou o cadáver carbonizado de um empregado doméstico como sendo de seu filho, chorando e debatendo-se desatinadamente. Organizou uma cerimônia de cremação, recolheu as cinzas e as guardou numa linda sacola de veludo. Trabalhando, dormindo, comendo, ele sempre carregava a sacola consigo. Um dia seu filho conseguiu escapar dos seqüestradores e correu, tomando o caminho de casa. Chegou à nova cabana do pai no meio da noite e bateu à porta. Imagine que o pai ainda carregava consigo a sacola, chorando, relembrando.
- Quem é? - perguntou o pai.
-Sou eu, papai. Abra a porta. É seu filho.
No seu atormentado estado mental, o pai achou que seria algum moleque travesso querendo se divertir às suas custas e berrou, mandando o menino embora, continuando a chorar. O rapaz bateu outras e outras vezes, mas o pai recusou-se a abrir a porta. Depois de um bom tempo o rapaz finalmente desistiu e se foi. A partir daí pai e filho nunca mais se viram.

Moral da estória: Às vezes, em algum lugar, você toma alguma coisa como sendo verdade. Se você se apega muito a isso, quando a verdade chegar em pessoa e bater à sua porta, você não a deixará entrar.

Adaptação de texto escrito por Thich Nhat Hanh, Caminhos para a Paz Interior, prefácio e tradução de Odete Lara, Editora Vozes, Petrópolis, 3ª edição, 1989.

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