sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

DUVIDANDO DE DEUS de Lisélia de Abreu Marques

Eu acredito que Deus existe, que é legal, mas não encontro no meu coração, segurança para acreditar no que Ele diz. Não acredito quando Ele diz que se eu me entregar à vida não irei morrer. Não acredito que posso confiar sem medo. Não acredito que se eu trabalhar no que gosto serei feliz e sobreviverei. Eu não acredito Nele. Isso significa que não acredito em mim. Que não confio no que digo e penso sobre espiritualidade, sobre fé, sobre o poder de criar o próprio destino. Todas estas coisas que eu acredito com o intelecto, na verdade, não banco com o coração. Eu sei que as coisas que Deus diz e que repito são certas, mas uma coisa é saber intelectualmente, a outra é acreditar. Falta fé. Falta me lançar e acreditar que "andarei sobre as àguas", quando o que eu realmente acredito é que afundarei.
Eu sei que o que eu acredito cria a minha realidade. Então, se eu não acredito, as coisas boas que eu gostaria que acontecessem não vão acontecer. Eu consigo acreditar que posso estragar a minha vida, que posso arruiná-la, que posso criar o meu inferno, mas não me acho hábil para construir o meu paraíso. Existe medo, existe dúvida, existe escuridão e o medo me pára. O medo me tolhe. O medo me assusta com a sua cara feia. O medo é o grande bicho papão. Tenho medo da dor e de sofrer. Tenho medo de morrer. Eu sei que onde existe um medo também existe um desejo. O que significa que se eu temo a dor e o sofrer existe um desejo de dor e sofrimento. Eu temo porque sei que posso criar esta dor e este sofrimento pra mim. De fato, crio. Estrago a minha felicidade por coisas pequenas, não me permito aproveitar os momentos. Mantenho um mau humor e uma crítica de plantão, bem a mão, para olhar procurando, com uma lupa, qualquer coisinha que possa usar para não sentir as coisas boas da vida. Isso é desejar o sofrimento ao invés da felicidade. Faço sem muita clareza, faço meio no automático, faço até por hábito. Que horror! Se eu desejo, mesmo sem ter clareza, a dor, com certeza devo desejar a morte também. Será? Mas tem coisas em mim que eu gostaria que morressem. Gostaria que as minhas exigências de segurança morressem, que a minha falta de fé morresse, que a minha covardia perante a vida morresse, que essa pessoa que eu criei pra "inglês vê" morresse.
Se todas estas partes morressem eu nasceria de verdade. Se eu nascesse, não mais me deformaria ou amputaria a sensibilidade e a capacidade de sentir intensamente. Se eu nascer de novo quero poder florescer em esplendor e dizer não às amarras do medo. Dizer: -Medo, eu desejo que você volte a ser amor. Quero desentortar todas as distorções que criei entortando a verdade. Quando eu nascer de novo, quero dizer sim pra coragem, sim pra fé, sim pra vida.
Eu quero dizer sim pra Deus, quero confiar Nele e me entregar.
Quero ter fé. A fé virá quando eu enfrentar o medo. E eu enfrentarei o medo quando confiar em mim. Então, quando eu acreditar em mim, acreditarei em Deus.
Brasília, 07 de dezembro de 2007.

Um comentário:

Unknown disse...

Li,
Que Deus nos abençõe sempre com mais fé em nós mesmos e Nele. Na verdade, você não duvida Dele, apenas quer se aproximar ainda mais dessa força que vc já conhece e sente em seu coração mas ainda timidamente.. Deus já está em nós e o desejo de atravessar o vale do medo, já é uma decisão que só os mais corajosos conseguem conceber..Parabéns ! Simone