terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A LIBERTAÇÃO DO APEGO E DA COBIÇA - Santuário N. Srª do Carmo - Curitiba/PR

"...Desapego não significa doar seus bens e viver debaixo da ponte ou na solidão de uma montanha qualquer. Desapego significa não acumular coisas desnecessárias tanto físicas quanto intelectuais. É bem mais difícil desapegar-se de uma idéia, pensamento ou um sentimento do que de objetos. Apegos se manifestam por coisas, idéias, pessoas e propriedades. O apego é um reflexo do medo. O apego surge da necessidade que temos de nos sentir cada vez mais seguros. Apego é medo e necessidade de segurança extremos. Devemos aprender a olhar sem desejar. É uma práxis, uma virtude. O olhar que apenas olha, não cobiça. O olhar quando acompanhado do pensamento desperta o desejo de posse e projeta a mente para a ação de obter. E a não obtenção do objeto desejado, gera frustração. Dizia um sábio (um monge do deserto) que “Todas as coisas necessárias nos vêm à mão”. Precisamos ter paciência e esperar a hora certa. O que obteremos fora da hora não nos pertence de verdade. Muitas vezes nos tornamos prisioneiros de nossas posses e perdemos nossa paz por causa disto. A paz perde-se, também, quando desejamos coisas que estão fora do nosso alcance. Tudo o que fizeres na vida, deverá partir de um ato de desapego. O apego invalida toda a ação e a torna objeto do ego. A verdadeira riqueza, que é eterna, está dentro de nós. São nossos sentimentos e valores. Desapegar do nosso próprio ego, não é esmagá-lo, humilhá-lo ou destruí-lo. Não é jogar longe, fora , é só abrir a mão, não se prender, nem se centrar somente no ego. Lembremos que antes de desapegar é preciso ter, pois sem ter não há do que se desapegar. Portanto, não se trata de não ter, mas sim, de ter e não se apegar. É muito mais fácil desapegar em tese do que de fato. Sabemos tão bem fazê-lo com aquilo que nós não temos, gerenciando facilmente o desapego que os outros deveriam fazer. Mas, e o nosso? O egocentrismo é colocar o ego como centro. Desapego ao ego é tão simplesmente deixá-lo na periferia do ser, que é o seu importante lugar. O ego é o porta-voz de nossa essência, do si mesmo, mas não a própria voz da essência. O eu, com sua força vital, é porta voz da alma, mas não é a própria alma. É importante termos claro isto. Devemos nos livrar dos pesos, fardos de pecados-desvios, para ficarmos mais leves. É para nós mesmos que o fazemos. É desapego, abrir mão das teimosias, flexibilizar nossa dura “cérvix” do orgulho, amolecendo a carne dura do nosso coração. É liberar-se da obsessão pelos meios como se eles fossem o fim. É entregar-se por completo nas mãos de Deus. É a 'realização do prejuízo' para se projetar e prosperar renovados sonhos de transformação. A arte da fé de entregar-se a DEUS é a sabedoria que nos falta. Como entender o desapego? Pode-se utilizar a imagem de um castiçal para entendermos a importância do desapego e da renúncia em nossas vidas: para utilizar bem um castiçal devemos limpá-lo das velhas velas acumuladas, desapegarmos delas, para que a nova luz brilhe límpida. Assim também, muitas vezes fazemos em nossas vidas. Apegamo-nos em demasiado em nossas antigas velas que já não iluminam mais. Não querendo receber a luz nova..."
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