sábado, 2 de janeiro de 2010

"CONVERSA DE LOUCO" de Lisélia de Abreu Marques

−A Verdade é perigosa, faz desmoronar as nossas mentiras.
−E as mentiras, pra que servem?
−Pra nos proteger das verdades que não queremos ver.
−E por que não ver a verdade?
−Para não ter de mudar.
−E por que ficar onde estamos?
−Medo. Medo do desconhecido, medo do "talvez", medo de ficar pior do que está. Na mentira já temos um "sim", mesmo falso.
Uma jóia falsa na mão parece melhor do que uma mão vazia, do que a espera, do que o "talvez",  do que um improvável sim. Um "sim" verdadeiro parece tão utópico, tão fora do alcance, tão apenas para os outros.
"A grama do vizinho é sempre mais verde" e isto soa como verdade. Então é mais garantido uma grama sintética sempre verde do que grama nenhuma.
Eis o falso conforto que a ilusão proporciona. A ilusão de um casamento sem paixão. A ilusão de uma profissão sem tesão. A ilusão de que estamos vivendo, quando, na verdade, estamos fugindo da Vida. Afinal de contas, viver é perigoso. A gente pode morrer quando se está vivo. Mas se a gente não se atrever a viver, então, está tudo bem - A morte não procura os que já estão mortos.

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